O Parto – Gravidez nos EUA

Foi Cesariana. Não foi dessa vez que passei pela experiência de ter um parto normal. Por razões médicas tive que fazer uma “C-Section” nove dias antes da minha “Due Date” como  chamam a data prevista do parto nos EUA (o que corresponde a 40 semanas de gestação). Mas o que realmente importa é que a cirurgia foi tranquila e o nosso bebe nasceu super saudável!

A minha C-section não estava agendada, então assim que eu sai do consultório da minha médica, depois de uma consulta de pré-natal de rotina, ela já notificou o Hospital que eu iria dar entrada na parte da tarde.

A Chegada no Hospital

Assim que chegamos no hospital demos entrada na parte burocrática que foi preencher e assinar alguns papeis, apresentar documento de identificação (driver license) e o cartão do plano de saúde. Sai da recepção já com uma pulseira de identificação no meu braço e fui encaminhada, junto com o meu esposo, para o nosso quarto no hospital. Uma funcionária do hospital nos acompanhou até o quarto.

O quarto era igualzinho ao que vimos durante a visita no hospital. Logo depois de dominarmos o quarto com nossas coisas como mala da mamãe, do bebe e do papai (que mais tarde descobri que não usaria praticamente nada do que eu levei) a enfermeira responsável se apresentou e conferiu toda a minha ficha clinica que a minha médica já havia encaminhado para o hospital. Depois a médica que iria fazer o meu parto venho conversar comigo. Não foi a minha médica oficial do pré-natal e sim uma das médicas da clínica com quem eu já havia passado durante o “rodízio” de médicos durante as consultas de pré-natal, pois era ela quem estava de plantão no dia.

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Nosso quarto no hospital

Fiquei no quarto aproximadamente por cinco horas aguardando o momento do meu parto (eu e o bebe sendo monitorados durante todo esse tempo). Durante esse período fui medicada, apresentada para as outras enfermeiras, respondi a um questionário enorme pois optamos em doar o sangue do cordão umbilical do bebe para pesquisas com células tronco e aquelas coisas básicas de hospital. O anestesista venho se apresentar e fazer algumas perguntas e explicar o procedimento da eperidural antes de eu ser levada para o centro cirúrgico.

O Parto

Durante o parto, toda a equipe de dentro do centro cirúrgico foi ótima e atenciosa. A todo momento o auxiliar do anestesista ficou ao meu lado perguntando como eu estava me sentindo. O meu marido entrou no centro cirúrgico para assistir ao parto depois que eu já estava anestesiada. A cirurgia foi super rápida e o nosso bebe nasceu chorando a pleno pulmões!!

Assim que ele nasceu, a pediatra que estava presente no centro cirúrgico, realizou os primeiros cuidados com o bebe, logo em seguida ele foi entregue para o meu marido que ficou com ele nos braços ao meu lado. Diferente do Brasil o bebe não foi colocado sobre o meu peito logo após o nascimento.

Um fato que achei interessante foi que os instrumentistas cirúrgicos contaram todos os instrumentos cirúrgicos e o número de gazes que iriam ser usadas durante a cirurgia em voz alta antes da cirurgia começar, e assim que terminou o parto eles recontaram tudo novamente em voz alta (inclusive as gazes).

Outra coisa diferente foi que antes da cirurgia começar a médica pediu para eu responder algumas perguntas como qual era o meu nome completo, o porque que eu estava deitada naquela mesa cirúrgica e que tipo de cirurgia seria realizada em mim. Eu ali nervosa e ansiosa e meu cérebro tendo que processar e responder as perguntas em inglês, não gostei desse interrogatório bem ali na hora do parto.

Assim que a cirurgia terminou fui direto para o meu quarto. Meu marido na frente empurrando o bercinho com o bebe e eu atrás.  No Brasil eu fiquei duas horas sozinha em uma sala de recuperação antes de ir para o quarto e o bebe ficou no berçário durante todo esse tempo.

Quando entramos no quarto, os avós e o irmão mais velho já estavam lá ansiosos para conhecer o novo membro da família!

A estadia no Hospital

 Durante a minha estadia no hospital, que foi de 3 dias, o bebe ficou ao meu lado no quarto. Ele foi levado do quarto apenas três vezes: para fazer o teste de audição, o teste similar ao do pezinho que é feito no Brasil e no último dia o teste no bebe conforto (car seat), onde colocaram o bebe no car seat que vamos usar no carro e lá ele ficou por aproximadamente uma hora tendo os sinais vitais e respiração controlados para ver se o nosso bebe conforto era seguro para ele.

Outra coisa diferente do Brasil é que aqui o lema americano DIY (Do It Yourself) ocorre no hospital também. Durante toda a minha estadia no hospital foi o meu marido que fez as trocas de fraldas do bebe. As enfermeiras só trocavam a fralda dele quando vinham examiná-lo. Logo que chegamos no quarto a enfermeira já nos mostrou onde ficavam as fraldas, trocas de roupas e lencinhos para os cuidados com o bebe. E também deixou todos os itens de higiene para o meu uso no banheiro, incluindo uma cinta pós-parto. Lembro que no Brasil as enfermeiras me ajudaram bastante neste quesito “cuidados com a mamãe”. Também tinha que preencher uma tabela com a hora em que o bebe mamou, o tempo em que ele ficou mamando e de qual lado, além de ter que anotar as vezes em que ele fez xixi ou coco.

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Cantinho do bebe dentro do nosso quarto

Outra coisa diferente foi o “banho” do bebe. Aqui eles deram um “banho” no bebe com toalhinhas umedecidas no segundo dia pós-parto. Um dos motivos é não molhar a região do umbigo para ele secar mais rápido. Eles não passam nada no umbigo, nem álcool 70 como me aconselharam passar no Brasil (o que fez sentido pois o umbigo caiu no 5 dia após nascimento, o do Theo demorou mais).

Tanto eu como o bebe éramos examinados várias vezes durante o dia. Perdi a conta de quantas vezes a minha temperatura e a pressão arterial foram  aferidas. Toda medicação administrada em mim ou no bebe tinha o código de barras escaneado e as nossas pulseiras de identificação também eram escaneadas antes do inicio de qualquer exame e tudo ia direto para o computador ou para o tablet da enfermeira. Também recebia medicação para dor de 6 em 6 horas e já sai do hospital com os meus remédios na bolsa para os próximos dias, o que evitou uma parada desnecessária na farmácia na saída do hospital.

Os cuidados da equipe médica

A atenção da equipe médica comigo e com o nosso bebe foi nota dez! Enfermeiras gentis e atenciosas. A única reclamação que fizemos foi com relação a pediatra que fez o exame do bebe no segundo dia. Achamos que ela não o examinou direito e ficou toda nervosa quando ele regurgitou nela (ela venho examina-lo na hora em que ele estava mamando). Reclamamos com a minha médica sobre o atendimento da pediatra e um pouco depois a enfermeira chefe venho ao nosso quarto pedir desculpas e disse que providencias seriam tomadas. No dia seguinte outra pediatra venho examiná-lo e ai sim foi feito um exame cuidadoso e minucioso no nosso bebe.

Também recebi duas vezes a visita no quarto de uma consultora em amamentação que me orientou e ficou ali do meu lado, na prática, me ensinando a maneira correta de amamentar  o bebe (tem coisas que a gente esquece depois de 7 anos).

Aqui ele tomou apenas a primeira dose da vacina para Hepatite B no hospital. Aqui não é dada a BCG, aquela que deixa a “marquinha” no braço.

Um fato curioso é que toda hora que uma pediatra ou enfermeira diferente vinham examinar o bebe, sempre me perguntavam se eu havia optado em fazer a circuncisão nele, até a consultora de amamentação perguntou. Falei que no Brasil esse procedimento não era comum (exceto por razões religiosas) e elas me disseram que aqui nos EUA é comum fazer a circuncisão nos bebes, que é tipo uma “tradição” de família onde se o pai foi circuncidado o filho provavelmente irá ser também. Mais uma diferença cultural entre os países.

Segurança

Tanto eu como o bebe recebemos uma pulseira com um chip. Caso o bebe se aproximasse de outra mãe (isto é, com um chip diferente) o chip iria disparar um alarme. Se por algum motivo o bebe saísse da área de controle da maternidade um alarme seria disparado, os elevadores do andar da maternidade iriam parar e a segurança do hospital seria acionada.

Alimentação no Hospital

No hospital em que eu fiquei as enfermeiras não eram responsáveis em trazer refeições para mim. Se eu tivesse fome eu era responsável pela minha alimentação. Tinha um frigobar no quarto para eu armazenar as comidinhas que eu trouxe de casa como iogurte e suco e tinha um cardápio do restaurante do hospital para eu solicitar refeição no quarto caso eu quisesse. Tinha uma pequena copa no corredor dos quartos com máquina de café, de refrigerante, microondas para esquentar comida  e alguns snacks para a gente se servir (no caso o papai).

Mala do bebe?

Durante toda a estada no hospital (3 dias) O nosso bebe ficou o tempo inteiro com uma roupinha que foi fornecida pelo hospital. Ele ficava de fralda, uma camisetinha tipo pagão e era colocado dentro de um saquinho bem quentinho. Ele só usou a roupinha que eu levei para o hospital na hora de vir para casa. Eu também fiquei os dois primeiros dias com a camisola fornecida pelo hospital, apenas na última noite coloquei a que eu trouxe de casa. Resumindo: não precisa levar praticamente nada para o hospital para se ter um bebe por aqui. É tudo muito simples e prático.

Visitas no Hospital

O nascimento de um bebe aqui é um momento muito íntimo da família e reservado para as pessoas bem próximas dos pais do bebe. A sala de visitas da maternidade ficava praticamente vazia o tempo todo. No quarto, apenas as pessoas mais próximas como papai, e avós do bebe. O movimento nos corredores dos quartos era bem pequeno, diferente de quanto eu tive meu primeiro filho no Brasil onde os corredores da maternidade São Luiz pareciam uma festa! Aqui também não tem enfeite na porta do quarto da maternidade com o nome do bebe.

Zica Virus

Estivemos no Brasil no final do ano de 2015. Minha médica do pré-natal me liberou para a viagem desde que tomasse cuidados necessários e além disso a fama do Zica vírus ainda não havia chegado aqui nos EUA. Quando a médica que fez o meu parto (que como falei não foi a minha médica) viu no meu prontuário que eu havia estado no Brasil ela entrou no quarto assustada e quis saber detalhes sobre a minha estada no Brasil, se eu tinha tido sinais de gripe e coisa e tal, mas depois que explicamos toda situação ela se acalmou. Brinquei com o meu marido que mais um pouco eles iam colocar aquelas fitas amarelas de isolamento no nosso quarto rsrsrsrs.

Conclusão

Os meus dois partos foram lindos. Foram um pouco diferentes mas não posso dizer se aqui foi melhor que no Brasil ou vice-versa. Gostei do esquema mais intimista do parto aqui mas ao mesmo tempo senti falta de uma “festinha” a mais no quarto com a presença da família que infelizmente estava no Brasil neste momento tão especial.

Agora é só esperar chegar a conta do hospital ….aí  que medo! rsrsrsr …. o que será assunto para um outro post.

Visita ao Hospital

Pré-natal nos EUA

Grávida nos EUA

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26 comentários sobre “O Parto – Gravidez nos EUA

  1. Parabéns Juliana!!

    A minha filha também nasceu na última sexta-feira (18/03/2016). Foi um pouco diferente, mas também foi muito bom.

    Parabéns novamente e tudo de bom para vocês. Deus abençoe.

    Abraço!!..
    Rafael Fonseca

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  2. Parabéns, mamãe, papai e bebê!
    Deus os abençoe com muita saúde e proteção.
    Bom o seu texto, mas ficou faltando a fotinho do baby… Vou esperar. Bjos “from Brazil”.

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  3. Parabéns novamente!!!
    Achei ótimo tudo que você escreveu, me tranquiliza saber que a sua experiência foi boa. Claro que a questão da “festinha” no hospital faz muita falta, sentirei tb, ainda mais por ser o primeiro filho e pq talvez meus pais só conseguirão vir após o nascimento, seremos só eu e o meu marido no dia, nunca pensei que seria dessa forma, mas estamos tranquilos de que Deus sabe o que faz e por isso estamos aqui hoje!
    Na próxima sexta faço 33 semanas, tá chegando…beijo grande e tudo de melhor pra vcs, espero num futuro próximo conhecê-los, já que estamos a 2 horas de distância!
    Continue postando que estou daqui curtindo!

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  4. Olá, primeiramente parabéns pelo blog!
    Estou grávida no momento e tenho vontade de fazer meu parto nos EUA e talvez ja ficar por aí… minha dúvida é: não existe parto gratuito? Hospitais públicos etc? Já morei na Flórida e tenho intenção de voltar para lá novamente. Desde já obrigada.

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    1. Oi Suelen. Nao existe nem hospital publicoe nem parto gratuito. Apenas cidadoes americanos de baixa renda que se enquadram no perfil do obamacare comseguem tem algum beneficio na area de saude. Tem que ter plano de saude aqui e ainda assim pagaruma parte do custo do parto.
      Abracos
      Juliana

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  5. Olá Juliana, me mudei para o Estado de Michigan em Janeiro deste ano, e meu marido e eu também estamos com planos para ter bebê aqui. Tenho muitas dúvidas sobre o parto normal, já que aqui é muito comum não optarem pela cesária. Você tem alguma indicação de um bom hospital?

    Karina

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    1. Oi Karian, tive o meu filho no Provedence Park em Novi e gostei muito. Tem tambem o Beumont em Royal Oak onde amigas tiveram filhos e disseram ser excelente tambem. Se for o seu primeiro filho a cesaria so sera feita se for realmente necessaria, se prepare psicolagicamnete para ter um parto normal por aqui. Beijos

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  6. Ola como vai Juliana… Muito prazer em conhecê lá… Estou adorando seu blog.. Estou acompanhando pois tenho planos de ir morar nos EUA por um tempo… Estou me preparando.. Para estar ai de inicio tendo condições de pagar um aluguel .. Comprar despesas para casa… Um valor minimo razoavel para se garantir ai e não passar necessidades financeiras seria de aproximadamente quanto? Já que lendo seu blog eu vi que dependentes só podem trabalhar apos um ano de moradia ai… No caso somente o meu esposo trabalharia de início… Espero sua resposta.
    Grande abraço

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  7. Oi Juliana, tudo bem? Encontrei seu blog por acaso e estou amando! Eu e meu marido estamos em programação para ir pra Houston. Minha pergunta é, como é ter um filho americano e outro brasileiro? Você acha que futuramente o Thomas pode ser prejudicado e etc? O que você acha em relação a ter filhos de cidadanias diferentes? Te aguardo. Beijos!

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    1. Oi Amanda tudo bem?
      Com relação a cidadania diferente dos meninos, hj como são pequenos eles não veem diferença. O Thomas é americano pois nasceu aqui, mas também tem direito (ainda não tiramos) a cidadania brasileira pois os pais são brasileiros. O theo tem apenas a cidadania brasileira, mas já é residente permanente (pois temos o green card). Depois de 5 anos como residente permanente podemos aplicar para a cidadania americana e como o theo ainda vai ser menor de 18 anos automaticamente ele também terá direito a cidadania. Eu e meu marido, sinceramente não fazemos questão da cidadania americana, já que com o green card já somos residente permanentes o que para nós já está ótimo, mas queremos tirar para o nosso mais velho ter a cidadania americana pois ele é o mais “americano” da família! pois há 5 anos estuda em escola pública americana, tem amigos americanos, fala inglês perfeitamente e já tem até hábitos americanos. Um passaporte americano para ele poderá abrir portas no futuro, e mesmo se voltarmos a morar no Brasil, qdo ele for adulto e quiser voltar a estudar ou morar por conta própria aqui nos EUA,como cidadão, ele terá esta facilidade.

      Abraços

      Juliana

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    1. Ola Beatriz,
      Pagamos o referente ao nosso deductible que varia dependendo do plano (pode variar de 3 a 7 mil dolares). O bebe tem a cobertura do plano de saude da mae durante o primeiro mes de vida (verificar com o Health Insurance)

      Abracos
      Juliana

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