Desvendando a High School – Parte 1


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Quando cheguei aqui nos EUA, meu filho estava no Kindergarten, o primeiro ano da Elementary school. Na época, escrevi aqui no blog um pouquinho sobre como as escolas funcionavam por aqui.

O tempo passou, ele terminou a Elementary, foi para a Middle School (entre o 6º e o 8º ano) e hoje ele já está terminando o segundo ano da High School. Durante todo esse tempo, acabei não escrevendo mais sobre o assunto, até porque hoje em dia tem tantas pessoas compartilhando suas experiências nas redes sociais sobre o tema que parece um assunto já saturado para escrever em blog (ainda se está usando blog?).

Mas agora achei que seria bacana fazer um resumão sobre como funciona a High School pública por aqui, especialmente para quem chegou recentemente e ainda está tentando entender tudo isso e que às vezes um reels de 15 segundos na rede social não consegue explicar.

Então pegue uma xícara de café, ou de chá se preferir, e um caderninho para as dúvidas, porque o texto vai ser longo; afinal, aqui estamos dentro do aconchego de um blog.

Vale lembrar que aqui nos EUA também existem as escolas privadas, que, de maneira geral, seguem a mesma estrutura da escola pública, mas com algumas pequenas diferenças. Por exemplo, elas podem oferecer programas diferenciados e, em muitas delas, as turmas são menores. Mas aqui vou focar na escola pública, que está sendo a minha experiência nos EUA.

A minha experiência com o high school, o nosso famoso Colegial nos anos 90, que hoje em dia é o tal do ensino médio, foi bem diferente da experiência que o meu filho está vivenciando por aqui, pois o sistema de ensino nos EUA é totalmente distinto do que a gente tem no Brasil.

Para ser sincera, ainda me sinto meio perdida com algumas coisas. Mas o que eu posso garantir é que a estrutura das escolas públicas e as opções oferecidas são muito mais avançadas do que as que costumamos ver na maioria das escolas particulares brasileiras, e isso é bem parecido com o que vemos nos filmes, sabe? (infelizmente não tem como comparar com as escolas públicas do Brasil)

Porem …. academicamente, no quesito de abrangência de conhecimento; ainda acho (eu Juliana) que as escolas particulares do Brasil, possuem um conteúdo acadêmico de determinadas matérias como por exemplo Geografia e História muito superior ao conteúdo dos Estados Unidos (…e que venham os comentários contra esta afirmação).

Como Funciona a High School

As High Schools nos EUA geralmente são divididas em quatro anos, com nomes bem típicos para cada um deles:

  • Freshman (9º ano): normalmente as matérias deste ano já foram escolhidas no final da middle school. É um ano de adaptação acadêmica e social para o aluno. Uma dica é “se livrar” de matérias básicas obrigatórias nesses primeiros anos para poder focar em matérias da área de interesse no junior e no senior year.

  • Sophomore (10º ano): Aqui os alunos já começam a se familiarizar com as expectativas da escola e a cultura do ensino médio. Normalmete dependendo do desepenho no ano anterior os alunos ja optam por materias mais avancadas como Honors ou Aps.

  • Junior (11º ano): Este ano é crucial, porque os alunos começam a se preparar para a faculdade e a pensar no futuro. Aqui, muitos já começam a decidir que áreas querem seguir e é o ano mais importante no que se refere às notas (GPS, SAT), pois as aplicações para as faculdades acontecem no início do senior year, então as notas que vão contar são as do junior year.

  • Senior (12º ano): O ano final, em que o foco é a graduação e a preparação para a faculdade ou para o mercado de trabalho.

O Currículo e as Disciplinas

O currículo da High School é bem diversificado. A maioria dos alunos é obrigada a cursar algumas matérias essenciais, como:

  • Matemática: Inclui álgebra, geometria e até cálculo.
  • Ciências: Biologia, química e física.
  • Estudos Sociais: História dos EUA, geografia e ciências políticas.
  • Inglês: Foco em leitura, escrita e análise literária.

Além dessas, os alunos escolhem disciplinas eletivas, que podem ser artes, esportes, tecnologia, idiomas estrangeiros e mais. E aqui entra a parte interessante: as escolas oferecem AP (Advanced Placement) e Honors classes, que são opções para os alunos que querem algo mais desafiador e que, no futuro, pode contar como crédito universitário.

  • AP Classes: São cursos avançados que oferecem a chance de ganhar créditos universitários caso o aluno passe na prova final do AP. Ou seja, se seu filho se sair bem, ele pode começar a faculdade com alguns créditos a menos para pagar, e quem não ama essa ideia, né?
  • Honors Classes: São matérias que têm um nível de dificuldade maior do que as aulas regulares, mas não oferecem a possibilidade de créditos universitários como as APs. Elas servem mais para alunos que realmente buscam um desafio extra, mas sem a pressão de uma prova final no fim do ano, como acontece com as APs.

Além disso, algumas escolas oferecem o IB (International Baccalaureate), que é um programa ainda mais desafiador, com um currículo internacional, ideal para quem pensa em seguir uma carreira global.

Como Escolher as Matérias na High School

Escolher as matérias na High School é uma tarefa importante, já que isso pode impactar diretamente o futuro acadêmico e até a escolha de carreira. Aqui vão algumas dicas para facilitar:

  1. Conheça os Requisitos
    Cada escola tem suas exigências, então verifique o que é obrigatório para a graduação. Além disso, se a faculdade já está no radar, é bom saber o que cada instituição exige para a admissão.
  2. Avalie os Interesses e Habilidades
    Pensar nas matérias que seu filho gosta ou nas áreas em que ele se destaca pode ajudar na escolha. Se ele ama matemática, por exemplo, pode ser uma boa ideia investir em cursos mais avançados de álgebra ou cálculo.
  3. Explore as Disciplinas Eletivas
    Esse é o momento perfeito para experimentar coisas novas! Seja arte, música, tecnologia ou até uma nova língua. Vai que ele se apaixona por uma dessas áreas, né?
  4. Considere o Nível de Desafio
    Se ele já está pronto para encarar desafios, talvez seja a hora de se aventurar nas APs ou Honors classes. Mas lembre-se de que isso pode trazer mais trabalho, então é preciso balancear com as atividades extracurriculares. É importante manter o GPA alto, não adianta fazer matérias mais difíceis, não dar conta e ter uma queda nas notas.
  5. Converse com Conselheiros e Professores
    Os conselheiros da escola são superimportantes nessa fase. Eles ajudam a planejar o percurso acadêmico do aluno e também podem dar dicas preciosas sobre as matérias e oportunidades

Testes e Exames

GPA

GPA é a sigla para Grade Point Average, ou seja, a média das notas que o estudante tira durante o ensino médio (high school). É uma forma padronizada de medir o desempenho acadêmico ao longo dos anos escolares — e é levada MUITO a sério pelas universidades americanas.

Como o GPA funciona na prática

O GPA normalmente é calculado numa escala que vai de 0 a 4.0:

4.0 = A (nota máxima) 3.0 = B 2.0 = C 1.0 = D 0.0 = F (reprovação)

Mas há também o GPA ponderado (weighted GPA), que pode ultrapassar 4.0 quando o aluno faz matérias mais avançadas, como AP (Advanced Placement) ou Honors. Nessas disciplinas, um A pode valer 5.0 em vez de 4.0, por exemplo.

Por que o GPA é tão importante para a universidade?

O GPA é um dos principais critérios que as universidades usam para decidir se aceitam ou não um candidato. Ele mostra:

Se o aluno é comprometido com os estudos Se ele teve uma boa evolução acadêmica e se está preparado para os desafios do ensino superior

Além disso, um GPA alto pode abrir portas para bolsas de estudo — o que é uma ajuda valiosa, já que as universidades nos EUA costumam ter custos elevados.

PSAT e SAT

Se você tem um filho(a) no ensino médio aqui nos EUA, provavelmente já esbarrou com essas siglas: PSAT e SAT. Eu mesma demorei para entender o que cada uma significa, quando eles fazem essas provas e — principalmente — qual é a importância de tudo isso para o futuro universitário dos nossos filhos.

Então aqui vai, de mãe para mãe, uma explicação clara (sem drama e sem complicação!).

O que é o PSAT?

O PSAT é como um “treinão” para o SAT, a prova oficial que muitas universidades usam no processo de admissão. Ele costuma ser feito entre 9 e o 10º ano do ensino médio, e ajuda o aluno a:

Ter uma ideia de como será o SAT Identificar seus pontos fortes e fracos e até concorrer a bolsas de estudo, como o National Merit Scholarship, se for muito bem no PSAT/NMSQT (feito no 11º ano)

Mas o PSAT não vale para entrar na faculdade. Ele é só uma preparação — e uma boa oportunidade para treinar com menos pressão.

E o SAT?

Aí sim: o SAT é uma das principais provas que contam para a entrada na universidade. Ele avalia leitura, escrita e matemática — e dura cerca de 3 horas. A pontuação vai de 400 a 1600.

É realizado nos 11 e no 12 ano da High School.

Não são todas as universidades que exigem o SAT hoje em dia (muitas adotaram política “test-optional”, ou seja, o aluno decide se quer ou não enviar a nota). Mas um bom desempenho pode fazer diferença no processo, principalmente em universidades mais concorridas ou para conseguir bolsas.

Quando fazer o SAT?

A maioria dos estudantes faz o SAT pela primeira vez no 11º ano (Junior Year), e muitos repetem no 12º para tentar melhorar a nota. A dica é: quanto antes começar a se preparar, melhor!

Hoje em dia o SAT pode ser feito digitalmente, e é oferecido várias vezes ao longo do ano. A inscrição é feita pelo site oficial: collegeboard.org


Eu sei que, para muitas mães, a mudança de sistema escolar pode causar certa preocupação, especialmente quando pensamos nas diferenças entre a educação no Brasil e nos EUA. Talvez você esteja se perguntando se seu filho vai se adaptar, se conseguirá acompanhar as exigências da High School, ou ainda se ele está no caminho certo para alcançar seus objetivos acadêmicos. Eu entendo essas preocupações, e você não está sozinha nessa!

Solte um pouco as rédeas e permita que o aluno tenha a oportunidade de conduzir o próprio caminho, assumindo o controle do cronograma, horários, datas de provas, tarefas e clubes. Entendo que pode ser tentador querer ter tudo sob controle, mas a verdade é que tentar acompanhar cada detalhe pode ser exaustivo e frustrante.

Se ele está tendo dificuldades, não hesite em procurar os conselheiros escolares e professores. Eles são extremamente dedicados e dispostos a ajudar, seja com questões acadêmicas ou emocionais. E, acima de tudo, encoraje seu filho a buscar o equilíbrio, a entender que o aprendizado vai muito além das notas e que cada passo dado é um aprendizado importante, que vai formar não só o estudante, mas a pessoa que ele se tornará.

A jornada pode ser desafiadora, sim, ainda mais que é muito diferente da experiência pela qual passamos no Brasil, mas também é cheia de oportunidades. Com paciência, comunicação e apoio, a adaptação será um processo natural. Tenha confiança no potencial do seu filho e lembre-se de que o importante é o crescimento contínuo, e não a perfeição imediata.

Você já está fazendo um ótimo trabalho ao se preocupar e buscar informações. Não se esqueça de celebrar as pequenas vitórias ao longo do caminho. O sucesso de seu filho na High School será resultado de muitas pequenas conquistas e momentos de aprendizado, e você está ajudando ele a trilhar esse caminho com muito carinho e dedicação.

Deixa eu indicar um perfil no Instagram que sempre dá ótimas dicas sobre a High School aqui nos Estados Unidos: o perfil @impactoacademico. Elas nem fazem ideia de que eu existo, mas o que é bacana e útil eu compartilho!

Abracos,

Juliana

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